"A técnica central que utiliza Chesterton, nestas histórias de mistério, é a de um grande criador: o enigma que o detetive elucida se baseia numa idéia central simples, como o diz o próprio autor no apêndice da presente edição: 'Como Escrever uma História de Detetive'. (...) Não se oculta do leitor nenhuma informação, ao contrário do que amiúde acontece nas tramas policiais; e o criminoso aparece sempre entre os 'atores principais'. Nisto reside sua mestria e o verdadeiro interesse das histórias: em criar disfarces verossímeis, mas inesperados (...)".
O Padre Brown é quase uma espécie de antiprotagonista. Poucas pinceladas, uma indumentária simplíssima e essa qualidade permanente de não sobressair desenham o impreciso sacerdote. Também o método do nosso detetive é original e diferente do de seus pares Auguste Dupin ou Sherlock Holmes: é o método de alguém que, como uma sombra ou silhueta, contempla os fatos de um segundo plano, como "um móvel" afastado num cômodo, e cujos raciocínios são expostos sem alarde nem relevo -- e o mais das vezes com fina ironia.
Rosa Nougué
Tradução de uma das obras da série Padre Brown, criada pelo icônico escritor católico G. K. Chesterton, o presente título destaca-se por alguns dos mais belos capítulos das páginas de literatura policial: temas envolventes, mistérios claramente solúveis à luz da fé e da razão, prosa castiça e de rara louçania, agrega enfim toda uma série de qualidades necessárias para "prender" o leitor numa narrativa que valoriza, sobretudo, o desfecho da trama. Sua tradução, pelo filósofo e tradutor Carlos Ancêde Nougué, é reconhecida como uma das melhores em língua portuguesa. Inclui, por fim, o apêndice Como escrever uma história de detetive.
Apresentação: G. K. Chesterton: uma Vocação para o Mistério, por Rosa Nougué
I. A Cruz Azul;
II. O Jardim Secreto;
III. Os Pés Estranhos;
IV. As Estrelas Fugazes;
V. O Homem Invisível;
VI. A Honradez de Israel Gow;
VII. A Forma Errada;
VIII. Os Pecados do Príncipe Saradine;
IX. O Martelo de Deus;
X. O Olho de Apolo;
XI. O Sinal da Espada Partida;
XII. Os Três Instrumentos da Morte.